Oie gente! E então chegou o dia dos namorados! Esse ano vou comemorar comigo mesma, estou em lua-de-mel...rs! Mas tem um texto que eu amo, e de uma certa forma fala muito sobre uma história que eu insisto em esconder, até de mim!
Este texto é do meu querido Jack Bianchi
Tinha um avião no meio do caminho
Namoraram 9 anos. Quando completaram 7, decidiram se casar. Foram 2 anos para poderem arrumar tudo com calma. Do jeito que queriam.
Ele tinha sido seu segundo namorado. O primeiro foi coisa pouca, quando ainda era menina no fim do colégio. Ela também tinha sido sua segunda namorada. Antes, um namoro de 1 ano e pouco. Que nem lembrava mais.
Eram completamente loucos um pelo outro. Até as iniciais tatuadas no pé. Direito, pra não dar azar. Nem quando ficaram 1 semana brigados e viajaram separados num carnaval, tiveram olhos para outras pessoas. Não existia mais ninguém no mundo para nenhum dos dois.
Foram 2 anos que passaram voando como passa para todos que marcam o casamento. Data chegando, tudo pronto. Apartamento comprado, decorado e mobiliado, carreiras profissionais num excelente momento. A igreja que ela queria. No dia que ela queria. A festa com tudo o que tinham direito. Convites distribuídos e centenas de presentes, que não sabiam mais onde colocar. Lua de mel confirmadíssima.
Na semana que antecede o casamento, ela tinha uma viagem a trabalho, comum para a sua atividade. Tinha uma reunião em Recife, como já tinha acontecido mais de 40 vezes.
Na viagem de volta, já dentro do avião, sentou-se ao lado de um homem que voltava de férias. Devido a alguma coisa que o piloto informou mas que quase ninguém ouviu, tiveram que esperar mais de meia hora antes de decolar, dentro do avião. Tempo suficiente para iniciarem uma conversa previsível:
- “Tá cada vez mais difícil esses atrasos dos voos, não é?”
- “E como!”, ela respondeu sorrindo.
Pronto. Conversaram sobre tudo. Aviação, política, Jornal Nacional, novela, horário do futebol, onde nasceram, para onde viajavam nas férias quando eram crianças. Aquele caminho que todo mundo sabe qual é numa conversa como essa.
Tiveram que trocar de avião na conexão em Salvador. E novo atraso, dessa vez ainda maior. Já nem acharam ruim. Aproveitaram para tomar um café e comprar alguns livros.
Finalmente chegaram em São Paulo. Desceram sem saber ao certo o que deviam fazer. Se se abraçavam ou se só um aperto de mão. Nem um, nem outro. Se encaminharam para a esteira, a espera das malas. Ela deixou a mala dela passar 2 vezes pela esteira, só pra continuar ao lado dele. Ele pensando em fazer o mesmo, caso a mala dele chegasse logo.
Pegaram as malas. Sorriram mostrando alegria e dúvida. Ela falou:
- “Espera…”
- “Claro! O que foi?”
Ela procurou um cartão de visita dentro da bolsa, sem sucesso. Ele rindo, olhando pra ela como se já soubesse que ela era completamente atrapalhada. Ela também riu, meio envergonhada:
- “Anota no seu celular, é mais fácil…”, disse sorrindo.
Trocaram telefones, deram um abraço que demorou 5 segundos mais do que deveria e foram embora cada um pra um lado. Mas olhando pra trás até o outro sumir no meio da multidão.
Ela pensou tanto naquela viagem de volta, que nem conseguiu dormir. Lembrou de cada frase, de cada sorriso, do jeito que ele mexia no cabelo cada vez que ela fazia uma pergunta sobre ele.
Já estava assustada por simplesmente ter pensado nele. Só que ela estava pensando nele muito mais do que poderia imaginar.
Então, ligou. Conversaram mais de 2 horas, até acabar a bateria. Se encontraram perto do trabalho dele. A bateria descarregada era tudo o que ela precisava para ter momentos de paz. Conversaram por mais de 3 horas. Com aqueles sorrisos insistentes no rosto de cada um.
Na quinta-feira, antevéspera do casamento, o cerimonial começou a ligar para convidado por convidado, avisando que o casamento estava cancelado e para saber para qual endereço os presentes deveriam ser devolvidos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário